domingo, 11 de setembro de 2011

Cristina

Há pouco acordei, o frio me impede de fazer movimentos bruscos, tudo que quero é voltar a dormir. Olhei para o relógio com preguiça, sem mexer muito o pescoço. Já não era cedo e por isso pensei em um bom motivo para não levantar da cama. No meio disso, lembrei do sonho que tive noite passada. Um sonho daqueles que você acorda sem entender o porquê de lembrar-se daquilo.

Foi com Cristina, uma mulher que eu conheci numa festa em minha casa. No dia em que a conheci, tomávamos vinho e falavamos besteiras sobre términos de relacionamentos. Ela chegou na sala e todo ar parecia correr em sua direção. Estava claro a partir daquele momento que eu estava interessado nela. Meu olhar é direto, procura o que há atrás dos olhos. Nunca consegui disfarçar meus olhares.

Cristina era alta, de corpo magro. Usava uma vestido estampado, não muito curto e de cores mistas e vibrantes. O vestido delineava bem suas curvas, dava leveza ao seu corpo esbelto. Seus cabelos pretos e encaracolados concentravam toda sua sensualidade e beleza. Os olhos escuros corriam sempre todos os cantos da sala. Lembro-me que ela pegava na taça de vinho com fina delicadeza.

Todo olhar que eu lançava, ela revidava. Eu a perseguia, não deixava escapar. Para qualquer lugar que ela olhasse, ali estava o meu olhar encarando-a. Os olhos dela eram sedentos de prazer. Eu podia pressentir que não era apenas eu quem estava me sentindo atraído. Eu precisava ser certeiro. Cristina não parecia ter feição em contos fáceis ou conversas fiadas.

Fiquei encarando-a por segundos, percebi que Cristina começava a se irritar e me afastei. Mostrei um pouco de indiferença. Fui áspero, algumas vezes, com algumas respostas mal intencionadas. Tive uma pequena oportunidade de confrontá-la e deu certo. Ela se sentia ainda mais atraída, não sabia o que fazer. Tentava não me olhar, corria os olhos de um canto para o outro da sala sempre passando milésimos de segundos através dos meus.

Ela sentiu que precisava de ar, precisava respirar, fugir de algo inevitável. Saiu e foi até a varanda do fundo da casa, onde ninguém podia vê-la e só havia o vento frio e a escuridão da noite. Acendeu um cigarro e olhou para o céu. Eu cheguei de mansinho, como quem não quer nada.

-Vai deixar seu vinho esquentar?

Ela perguntou-me se eu era algum tipo de garçon e disse que preferia quente, ousou-se ainda a insinuar que conhecia o meu tipo. Sinceramente, não existiu reação em mim por alguns segundos. Aquilo me deixou com mais vontade ainda. Eu não sabia o que pensar, não poderia evitar, de toda forma era mais forte que eu. Eu precisava tê-la naquele momento, alí mesmo na varanda.

Respondi com tom irônico que ela poderia pensar que eu fosse qualquer coisa para ela, mas que aquilo não mudaria quem sou de verdade. Ela sorriu e eu não acreditei no que vi. Seu sorriso era encantador, era convidativo à um beijo. Eu a puxei pelo braço com firmeza, o seu corpo ficou junto ao meu. Ela não sabia se olhava meus olhos ou meus lábios. Eu conseguia sentir seu coração disparado.

Beijei-a matando minha sede. As minhas mãos se encaixaram em seu pescoço, deslizaram por cima do vestido até a cintura. Joguei-a no chão. Fui beijando seu pescoço, descendo devagar. Minha barba arranhando sua pele fez com que se arrepiasse toda. Acho que ela estava tão fora de si, que nem percebeu quando lhe suspendi o vestido. Só percebeu o que estava acontecendo quando eu já estava beijando o que ela tinha de mais gostoso. Lembro-me que seu sabor era doce e apreciativo. Ela se contorcia, puxava meus cabelos, tentava não gritar. Me deliciei por alguns minutos e senti que já era hora de sentir prazer também.

Pedi para que se levantasse e que ficasse de costas para mim. Faziamos um movimento compassado, parecia que nossos corpos já se conheciam há muito tempo. O encaixe era perfeito, era simétrico. Eu a abraçava com força, minhas mãos corriam seu corpo, escorregavam sobre a pale macia, descia contornando sua cintura. As mãos dela acompanhavam por cima, as unhas grandes arranhavam meu braço causando mais prazer. Eu puxava-a pela sua cintura contra mim com força. Foi intenso, forte, prazeroso. Gozamos juntos, eu sentia sua respiração forte e ofegante, como se todo o ar não fosse o suficiente.

Voltamos para a sala, ainda com a respiração forte. Ela queria segurar minha mão, mostrar que estavamos juntos. Mas, para quê? Fiquei indeciso. Recusei, embora fosse notável uma parte do ocorrido.

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