sábado, 13 de agosto de 2011

Para Sempre?

O tempo voltou a correr no momento em que as nossas respirações foram retornando ao normal. Os sons externos ao quarto, enfim, puderam ser ouvidos novamente. Os sentidos que antes estavam concentrados apenas em nossos corpos, aos poucos se aguçavam enquanto contemplávamos o olhar e o riso incontido.

Deitado ao lado de Laura, não imaginava o quanto o tempo podia parar. Nada parecia importar, eu ia me deixando levar pelo toque suave da mão esquerda que no meu peito faziam movimentos cíclicos e perfeitos, ia me fazendo esquecer de tudo. Virou-se para mim com um olhar apaixonado e que de perto revelavam um sentimento que ela parecia nunca ter experimentado antes. Aquele olhar era tão intenso e envolvente, penetrava na minha alma me devorando por inteiro.

Seu corpo, entrelaçado ao meu, parecia mais vistoso à medida em que os frágeis raios de luz emitidos pelas velas, que iluminavam o quarto, iam percorrendo o corpo dela e se misturando as partes mais escondidas. Eu estava quase adormecendo quando ouvi ela sussurrar baixinho, como se tivesse medo de que eu ouvisse:

- Somos para sempre?

Tentei não me mover, nem encher os pulmões ao todo, melhor não respirar fundo para não esboçar nenhuma dúvida ou falsa reação. Na maioria das vezes, eu sou aquela pessoa que fala o que se quer ouvir. Sim, tenho essa qualidade que me impede de ser totalmente sincero. As vezes me incomoda, mas eu penso que o medo é pela culpa e cuidado em não magoar o outro. Laura dizia que se tem algo ruim para ser dito, melhor guardar para si. Apenas coisas boas devem ser compartilhadas.

- Não vai responder?

Eu realmente não sabia a resposta. Tentei imaginar coisas que duravam muito tempo, pensei em alguns exemplos; Nada é para sempre, tudo se desgasta com o tempo. A morte que separa, as arvores que são derrubadas, até as mais altas montanhas se transformam em montes de areia, já o amor, que naquele momento juramos ser eterno e sincero, um dia se acabará. Dizer isto, certamente acabaria com todo o romance do momento. Restava-me então cair em um daqueles clichês de amor:

- Sim, somos para sempre, mesmo que não dure.

Subitamente, ela encheu os pulmões de ar até não caber mais e num movimento só, esvaziou-os dizendo em seguida:

-Você é um péssimo mentiroso!